O Goodreads publicou uma entrevista com Jamie McGuire, onde ela responde algumas perguntas de fãs a respeito de seus livros. Confira a entrevista traduzida abaixo:
Ah, os irmãos Maddox! Irritantes e gostosos – garotos maus com bons corações. Nós os conhecemos no primeiro grande sucesso de Jamie McGuire, Belo Desastre. Na sua mais nova série, Happenstance, há o namorado fiel Weston Gates, que talvez seja o oposto de um irmão Maddox. É um alívio para a protagonista, Erin, cuja vida já é complicada o suficiente – depois de anos sendo atormentada por valentões, ela descobre que está essencialmente vivendo a vida de outra pessoa. Jamie mostra a mesma disposição em ser crua e honesta nessa entrevista como é em todos os seus livros. Leia abaixo seus pensamentos sobre escrever sobre defeitos de maneira realista, lidar com críticas, e como ela decide as capas dos seus livros.
Erin Lovelady: Como você teve a ideia sobre as três Erin (na série Happenstance)? É uma ideia única… três garotas nascidas no mesmo dia… duas com o mesmo pai… e trocadas no nascimento.
Eu venho querendo usar “Erin” por um tempo e tinha anotado a palavra Happenstance (Casualidade) para usar como um título porque gostei dela. Criar uma história na minha cidade natal e recontar algumas das minhas experiências com valentões também era algo que eu queria explorar. A história foi desenvolvida alguns meses depois, em torno do título.
Shen: Seus personagens tem defeitos de um jeito tão bonito e real. Como você sabe que os fez do jeito certo, perfeitos, sem exagerá-los?
No passado eu pensei que ver as pessoas de um jeito brutalmente honesto (incluindo a mim mesma) era uma maldição, mas isso funcionou muito bem para a minha escrita. Eu gosto de revelar fraquezas e me desafiar a fazer aquele personagem ser admirável apesar das suas falhas. Eu acho que essa é a verdade para a maioria das pessoas. Nossos defeitos são formados por mágoas do passado, que geram raiva, ciúmes, e baixa autoestima. As pessoas não são perfeitas, apenas conscientes de si mesmas. Não é da nossa natureza estar cem por cento livre de sentimentos negativos. Aprender como reagir quando os sentimentos negativos surgem – não estar livre deles – é o verdadeiro indicador de saúde emocional. Eu amo incorporar tudo isso ao desenvolvimento dos personagens.
Kira-may: Se os irmãos Maddox tivessem uma irmã, como você acha que ela iria agir, qual seria o nome dela, e como os irmãos iriam agir com relação a ela?
Oh, Senhor. Ela realmente seria uma coisa assustadora de se ver. Eu sinto que uma mulher Maddox seria teimosa, forte, impaciente e autoritária. Ela seria como todos os garotos em um corpo só, mais estrogênio, o que todos sabemos que é letal.
Erin: Você tem seu próprio Red Hill? Você sabe, como um plano de evacuação, em caso de emergência.
Meu próprio Red Hill é o rancho que aparece no livro. É um lugar real onde eu desenvolvi a história. Eu escrevi os últimos quatro capítulos no rancho, rodeada pelo cenário real, totalmente sozinha por três dias e três noites, e isso foi uma das experiências mais assustadoras da minha vida.
Missy: Eu iria amar saber quais são os seus 5 livros favoritos!!! Leigh também perguntou: Quais livros mais influenciaram você ou seu estilo de escrever? Quais livros você recomendaria para as suas melhores amigas?
Isso é tão difícil! Crepúsculo e Orgulho e Preconceito vão sempre estar em primeiro lugar. Meus favoritos recentes são Maze Runner, de James Dashner, The 100, de Kass Morgan, Left Drowning, de Jessica Park e Archer’s Voice, de Mia Sheridan. Eu recomendaria todos eles para as minhas melhores amigas.
Vicky: Eu iria amar saber o que você faz enquanto está escrevendo. Como você se prepara para escrever? Que tipo de música você ouve enquanto está escrevendo? O que você gosta de comer ou beber enquanto escreve?
Eu geralmente tenho uma ideia básica por muitos anos antes de escrever um livro. Ao longo disso, uma cena ou ideia vem a mim e eu escrevo e mantenho guardado. Eu escrevo à noite, de aproximadamente dez ou onze horas até que seja a hora de acordar as crianças para a escola. Depois que elas saem, eu brinco com o bebê por uma ou duas horas, durmo até as crianças voltarem da escola e começo tudo de novo. Eu costumava ouvir música enquanto escrevia, mas no ano passado descobri que escrevo mais rápido sem ela, então eu escuto apenas antes de começar para entrar no clima e durante as pausas. Meu sustento enquanto escrevo frequentemente inclui Chester’s Hot Fries, carne seca, Red Bull sem açúcar e água.
Nicole: Como você decide ou escolhe as capas dos livros?
Algo visual a partir da história é geralmente um ponto por onde começar, mas eu realmente confio na designer de capas Sarah Hansen, da Okay Creations, para fazer o trabalho pesado no departamento de criação. Eu gosto de um único objeto, algo simples, mas impressionante. Eu não sou fã de capas visualmente lotadas, onde não há espaço, ou com pessoas ou rostos. Eu gosto que os meus leitores possam decidir como os personagens são fisicamente, além dos atributos básicos que eu descrevo. Às vezes Sarah acerta na primeira tentativa, às vezes precisamos de um empurrão, e às vezes voltamos atrás e vamos em outra direção. É sempre um processo, e todo autor é diferente, mas para mim é necessário o “fator uau”. Se eu não disser uau, não digo sim.
Brittany: Você faz alguma preparação para te ajudar na transição entre o ponto de vista da heroína e do herói? É mais fácil escrever um ou outro, ou para você é a mesma coisa?
Eu só escrevi do ponto de vista masculino duas vezes, mas amei as duas. A linha do tempo em Desastre Iminente não foi divertida, mas a brincadeira entre os homens e seus pensamentos durante o processo foi tão interessante e libertadora para mim. Baseada nas típicas reações da Abby mudando de opinião aos 19 anos e a trindade interna do Travis, eu percebi que os leitores tendem a ser mais indulgentes com os personagens masculinos. Eu sinto que há menos limites escrevendo motivações e pensamentos masculinos. Se eu me senti como se tivesse ido longe demais com Travis, sabia que era certo. Nathan era mais objetivo e centrado, quase maternal. As duas personalidades foram fáceis para mim.
Sara: Como leitora, uma das coisas mais difíceis é ler sobre um romance ou uma relação que está começando em que um dos personagens trai ou exibe alguma conquista na frente do outro por quem está realmente interessado. Isso me deixa com dor de estômago e estraga meu dia. Como escrever sobre algo assim em um dos seus livros afeta você como autora mais amplamente, o quão conectada (ou desconectada) você se sente a essas experiências pelas quais os personagens passam?
Eu não gosto de escrever sobre um personagem principal traidor. Eu sinto que isso ultrapassa uma linha que faz com que o personagem deixe de ser admirável. Tal como para o seu par, é difícil para o leitor confiar no personagem depois disso. É apenas algo que eu não faço. Dito isso, eu sou extremamente conectada, não só com o personagem principal, mas com todos os personagens. Eu não posso realmente esperar que o leitor se importe com eles se eu não me importo, e isso acontece melhor se eu estiver envolvida emocionalmente.
Tia: Eu amo a sua escrita/livros e sinto que as suas histórias podem se relacionar a uma ampla gama de idades e gêneros. Quando você põe seu coração e sua alma naquilo, querendo que as pessoas vejam sua visão do jeito que você criou, você se sente vulnerável ou exposta? Você sente que deu muito de você mesma e tem medo de ter se aberto a críticas que machucam? Eu li alguns comentários na internet e sinto que, hoje com o anonimato, as pessoas esquecem que as palavras que elas digitam podem realmente machucar a quem estão criticando.
O campo que escolhemos é, por natureza, aberto a críticas. Eu aprendi do jeito difícil, no início da minha carreira, a não responder resenhas, mesmo as positivas. Eu acabei concordando que, apesar dos leitores querendo se envolver com os autores em um lugar para compartilhar o seu amor por livros, resenhas e sites de resenhas não são para os autores. Na saturação atual do mercado, os leitores devem estar aptos a oferecer resenhas honestas para ajudar um colega leitor a decidir como gastar o seu dinheiro. Dito isso, eu discordo da opinião de que os autores não devem se importar ou reagir se algum ácido é vomitado em direção a eles. Uma porcentagem pequena de resenhas atuais tem a intenção de ser abusivas com relação ao autor porque, por alguma razão, o leitor pode se sentir ofendido pelo livro ou mesmo pelo autor. Alguns círculos consideram que os autores – não importa o quão pessoal e viciosa seja a resenha – não tem permissão de responder. Eu fiquei bem melhor nisso simplesmente não ouvindo. Resenhas negativas acontecem, e os autores delas podem expressar suas opiniões, mas sou eu quem escolhe ler ou não. Ver que a classificação foi de uma ou duas estrelas já é um bom indicador de que eu não deveria ler a resenha. É uma lição difícil que levei muito tempo para aprender, mas eu controlo o que eu vejo no meu monitor e a quem eu dou voz.
Nicole: Se você um dia fizesse uma tatuagem, o que seria e por quê?
Os nomes dos meus filhos, porque eu meio que os amo.
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