Fanfic: Belo Desastre Iminente - Capítulo 1


Abby

Sabe aqueles momentos em que você está morrendo de sono, deitado na sua cama, prontinho para dormir - mas por algum motivo não consegue nem fechar o olho? Então, esse é um daqueles momentos. 

Jess e James já estavam dormindo havia um bom tempo. Enquanto eu nada. Já tinha tentado de tudo para relaxar, mas não conseguia para de pensar no Travis - ai Jesus, como eu tava morrendo de saudades daquele homem. Sei que ele é uma pessoa maravilhosa, mas desde que descobri que ele trabalha no FBI e não trabalhando em justiça criminal – como eu achava e todos os outros também. Amo ele demais e me mataria qualquer coisa acontecendo a ele. Fico arrepiada com esse pensamento e logo dou um tiro nele para que ele suma dos meus pensamentos e nunca mais volte a assombrar a minha vida. 

Para falar a verdade, fiquei mais chocada quando descobri que o Thomas já trabalhava para o FBI a muito tempo, do que com a noticia do Travis que ele iria trabalhar com o irmão numa coisa muito importante: o FBI. Pera, tem uma coisa pior do que isso sim: não foi o Travis que me contou – ele provavelmente nem faz ideia de que eu sei que ele e o irmão trabalham para o FBI. 

Todas as vezes que ele saia para trabalhar e passava qualquer tempo fora era a mesma coisa: sentia uma saudade extrema dele, quase insuportável! Mas sabia que ele estava bem, que nada de errado aconteceria com ele porque eu tinha certeza que ele era um ótimo agente - e na cama também! - mas sempre me preocupava com ele. Agora então que eu estava grávida a preocupação dobrava, em relação aos meus filhos e ao meu marido que agora ficava longe de mim a maior parte do tempo. 

“Ai!” gritei baixinho me assustando com o pequeno movimento que senti na minha barriga. “Oi lindinha da mamãe, está acordada também?”

Acho que era o sono, mas fiquei olhando e fazendo carinho na minha barriga esperando minha filha me responder. No fundo eu queria que ela falasse comigo. 

“Sei que está.” disse baixinho a ela e rindo. “Aposto que não consegue dormir porque está com saudades do seu pai igual a mim. Sabia que amanhã iremos fazer onze anos de casados?” 

Eu e o Travis íamos completar onze anos de casados, nem dava para acreditar. No dia em que conheci ele sabia que nunca ficaria com aquele cara que era um verdadeiro safado, mas aquela história toda de ser o amor da vida dele me conquistou – e as tatuagens, as tatuagens sempre. Tomara que ele goste do presente de aniversário que vou dar a ele, no fundo fico com medo dele ficar meio bravo por eu saber e não ter contado nada. Mas em minha defesa ele também no contou. 

Fiquei semanas atrás de semanas procurando todas as informações que eu precisava para ligar o Mike ao Benny. Tomara que essas informações sejam muito úteis para o Travis e assim ele possa pegar meu pai logo e ficar mais tempo comigo e com as crianças. 

Ali deitada na cama, fazendo carinho na minha barriga por cima da blusa que o Travis usou no nosso casamento e acabei adormecendo. Um barulhinho irritante começou a tocar e eu já sabia o que era. Porcaria de despertador! Mas não era possível já ser seis da manhã, eu tinha acabado de dormir. Só podia estar tendo um pesadelo com aquele barulho que entra na sua cabeça e vai fazendo seus neurônios começarem a se retorcerem. 

Abri o olho com toda relutância do mundo uns cinco minutos depois daquela porcaria começar a tocar e confirmei meu maior medo. Já eram seis horas. AI MEU DEUS! TENHO QUE DAR AULA! AI JESUS DO CÉU! HOJE VOU À CASA DO PAI DO TRAVIS, PRECISO CHEGAR MAIS CEDO E PREPARAR A JANTA! Levantei da cama feito uma doida e parei antes de chegar na porta do quatro. Hoje é meu aniversário de casamento. CARALHO! PUTA QUE PARIU! CACETE! TOMARA QUE O TRAVIS CONSIGA CHEGAR EM CASA AINDA HOJE! Nem consigo conter tanta felicidade! Depois de semanas sem ver meu marido, finalmente o dia que eu sonho todas as noites tinha chegado! Meu marido perfeito e só meu estava me aturando fazia 11 anos! Fiquei pulando feito uma doida, até que me lembrei das crianças. Sai do quatro bem devagar e fui ver se eles ainda estavam na cama. Graças a Deus os dois ainda estavam dormindo então devia e tinha que dar tempo de fazer tudo. 

Voltei para o meu quarto e me arrumei. Escovei os dentes, o cabelo, passei o hidratante na minha linda barriga, me arrumei para o trabalho, calcei os sapatos. Pronto! Quando já havia acabado o processo parei na porta do banheiro e coloquei a mão na barriga fazendo carinho nela. 

“Vamos acordar seus irmãos, pequena.” Senti um chute mínimo e entendi isso como um 'sim', então sai do meu quarto e fui em direção ao quarto das crianças. O do James era o mais perto do meu quarto, e o da Maria ficava do outro lado do corredor um pouco a frente do dele. Abro a porta bem devagar e sento na beirada da cama. 

“James, filho. Acorda. Ta na hora da escola.”  Ele abre os olhos bem devagar e vai saindo da cama. 

“Bom dia mamãe.” Diz ele com uma vozinha sonolenta. 
“Bom dia pequeno.” Respondo dando um beijinho na cabeça dele enquanto saio do quarto. Quando chego no quarto da Jessica, ela já esta sentada na cama arrumada. 

“Bom dia mamãe!” diz ela com um sorriso enorme no rosto e correndo para me abraçar. 

“Bom dia filha. Porque acordou tão cedo? Teve algum pesadelo?” perguntei abraçando ela e dando um beijinho em seus lindos cabelos. 

“Não mamãe.” Ela olhou pra mim e deu um beijo na minha barriga. “Eu só acordei. Bom dia irmãzinha.” Eu ri e ela acabou rindo comigo. 

“Sua irmã ta dizendo ‘bom dia’ pra você.” Ela sorriu novamente. “Bom, eu vou descer e preparar o café da manhã.” Sai do quarto e deixei-a acabar de se arrumar. 

A Jessica não era aquele tipo de garotas que se enfeitam todas, colocam muita maquiagem, se enchem de joias. Ela era bem parecida comigo nesse aspecto, mas em todos os outros ela era igualzinha ao Travis. O mesmo temperamento, o mesmo comportamento, tudinho nela é o Travis. O Trent diz que ela é a Traviszinha, claro que por ser filha do Travis, fica revoltava e gritando dizendo que não é. 

Já o James é igual a mim, bem apenas no aspecto do temperamento. Ele é quieto, reservado, mas fica muito revoltado com a irmã quando ela se mete nas brigas dele ou então defende ele de alguém. Eu e o Travis sempre dizemos que ela deve deixar o irmão ganhar suas próprias batalhas, mas ela nunca escuta. 

Quando estou quase chegando á cozinha, escuto um grito vindo lá de cima. Volto correndo para cima e quase caio no último degrau da escada. Fico rindo para mim mesma do meu quase acidente, não seria uma boa comemoração de aniversário, o Travis receber uma ligação do hospital falando que a sua esposa grávida de sete meses, com duas crianças pequenas em casa, havia caído da escada feito uma idiota! Era evidente que ele nunca mais iria me deixar levantar da cama se isso acontecesse. 

Depois de fazer uma anotação mental dizendo a mim mesma para não parar no hospital, chego no banheiro da onde vem os gritos e risadas. 

“O que aconteceu? Vocês estão bem?” perguntei quase gritando e sem fôlego. 

A Jessica me olhou com uma cara horrível e o James não parava de rir. 

“Ta tudo bem mamãe. A joaninha apenas se assustou.”

“Porque a joaninha se assustou James?” 

“ELE DEU UM SUSTO EM MIM! Ele estava escondido dentro da banheira e quando eu entrei no banheiro ele pulou em cima de mim!” a Jessica respondeu gritando e com uma cara de que queria matar alguém. 

“Eu não pulei em cima de você, apenas encostei nas suas costas e você deu um berro.” 

Eu ri e o James começou a rir comigo. 

“Você ta rindo de mim, mamãe?” 

“Desculpa filha, mas estou. Eu achei que algo grave tinha acontecido. James peça desculpas para a sua irmã e nunca mais faça isso com ela. Você não gostaria que ela fizesse isso com você. Ou gostaria.”

“Não gostaria mamãe. Desculpa joaninha. Mas você sempre faz algo comigo que eu não quero.”

“Eu nunca faço nada com você, apenas te protejo.”

“Eu não quero que você faça isso. Sei me cuidar sozinho.”

“Não sabe.”

“Sei sim.”

“Vocês dois chega. Não vai mudar nada ficar discutindo quem fez e quem não fez. Vocês são irmãos e devem cuidar um do outro. Ponto final. Agora acabem de se arrumar e desçam para tomar o café da manhã. Hoje é o meu último dia no trabalho e não posso me atrasar.”

“Ta bom mamãe.” Os dois falaram juntinhos.

Dito isso vou bem devagar lá pra cozinha e começo a preparação do café da manhã dos meus anjinhos. Essa parte sempre da muito trabalho, porque ninguém nunca come a mesma coisa. Eu e o James costumamos a comer um cereal que o Travis acha nojento – sim aquele mesmo cereal que eu comia na faculdade, ainda como aquela porcaria e quando o James experimentou nunca mais quis parar. Já o Travis e a Jess preferem ovos com bacon e um bom suco de laranja. O que me leva a ficar boa parte da manhã preparando tudo. Quando estou colocando as coisas na mesa, escuto o som de alguns passos vindo. 

“Que chelo bom! To com muitaaaa fome! BACOOON!”

Ela começou a gritar bacon de um jeito doido que ela e o pai fazem todas as manhãs quando ele está aqui, não resisto e começo a rir. A cadeira faz um barulho enquanto ela puxa pra trás para se sentar fazendo com que eu me esqueça dos meus pensamentos. Coloco ovos e bacon no prato para ela e um pouco de suco de laranja. Estou colocando as minhas coisas no lugar e as do James, quando escuto ele descer a escada correndo. 

“Devagar filho. Já disse pra não correr aqui dentro.” Ouviu? Quem hoje que quase caiu na escada, hein, Abby? Fico me reprimindo mentalmente. 

Ele me da um sorriso e vem bem devagar sentar na cadeira. 

“Desculpa mamãe.” Ele fala sorrindo de novo e começa a atacar o cereal. 

“Tudo bem. Mas não corre de novo. Só anda rápido igual o papai ensinou, ok?”

“To com saudade do papai.”

“Eu sei Jess. Todos nós estamos. Mas o seu pai ta trabalhando e ele volta 
logo pra casa.”

“Ta bom mamãe. Hoje agente vai na casa do vovô?”

“Vamos sim.”

“Oba! Vou jogar pôquer.” O James disse todo animado e logo começou a comer o cereal. 

Depois de tomarmos o café da manhã, subi com as crianças para escovar os dentes e pegar as coisas da escola. Acabei de escovar meus dentes e fui arrumar minha bolsa: carteira, crachá, telefone, estojo, chaves. Tudo pronto, agora só preciso da minha maletinha. Desci e fui em direção ao escritório. 
Todos os trabalhos já estão corrigidos, programação do resto do semestre, anotações para as aulas. Tudo perfeito e na pasta. 
Um envelope pardo fica me encarando em cima da mesa. Aquele envelope possui todas as provas que ligam Mike ao Benny. As provas que o meu marido precisa para prender o meu pai. Estou entregando meu próprio pai ao FBI. Mas quer saber, ele nunca se preocupou comigo e sempre disse que eu era o seu fim. No fundo ele estava certo. 

“Mamãe agente vai se atrasar.” A Jess apareceu na porta do escritório, com sua mochila nas costas e o James logo atrás dela. 

“Vamos não crianças. Já estamos saindo. Anda pro carro.” Peguei minha pasta e minha bolsa e sai do escritório. 

O trajeto para a escola era sempre o mesmo. Eu ligava o rádio para ouvir músicas e as crianças ficavam falando o que esperavam para o dia de hoje. Facilitava muito por ser perto de casa a escola. A ideia foi do Travis de comprar uma casa perto, assim eu sempre estaria perto do trabalho e as crianças da escola. Assim que chegamos os dois desceram do carro rapidamente e foram para dentro da escola. Eles sempre ficavam no pátio com os outros alunos enquanto eu ia para a sala dos professores. Raramente nós víamos dentro da escola, pelo fato de eu não poder ser professora deles. Mas o pouco que eu via eles, já era o bastante para matar a saudade por certo tempo. 

“Feliz ultimo dia Abby” os professores gritaram e jogaram fitinhas em cima de mim. Eu ri e todos acabaram rindo comigo. 

“Sim, último dia. Mas eu ainda volto. Não vou aguentar ficar longe dessa escola e da matemática por tanto tempo.” 

“Verdade. Você nunca irá largar essa escola.” Tayna a professora de matemática nova que ia ficar no meu lugar me disse dando um abraço. “Vou sentir falta de dar aula com você. Aquelas crianças te amam.” 

Eu ri e ela me acompanhou. “Também amo aquelas crianças. Algumas são um pouco difíceis, mas não culpo elas. Fui escolher justamente matemática, então não são todos que irão prestar atenção em mim.” 

“Touche.” 

Ficamos conversando mais um pouco e terminei de passar os últimos detalhes das aulas para ela e quando o sinal bateu fui para a minha primeira turma. 
Essa era a mais fácil, as crianças menores gostam mais da minha aula porque nessa época a matemática é mais fácil. A segunda aula é a mesma faixa etária e corre tudo bem. Todos os alunos me deram cartões de ‘boas ferias’, alguns tinham ate umas meninhas desenhadas neles. O que me fez muito feliz. 

Quando estava quase no final da terceira aula, entregando os trabalhos eu escutei alguns gritos do corredor. Olhei pela janela da porta e vi crianças correndo no corredor e todas paravam para olhar a sala em frente. Sai da sala e fui ver o que estava acontecendo. Cheguei na porta da sala e vi meu filho caído no chão com um pouco de sangue no rosto, o professor segurando a Jess e o Steven Matese deitado no chão chorando e todo vermelho. 

Fui correndo até o James e olhei para a Jess. Alguns outros professores ouviram a confusão e vieram até a sala ajudar. A Jess foi levada para a sala da diretora, enquanto o James e o Steven Matese para a enfermaria. Segui com o James para a enfermaria, depois que ele estava limpo e foi verificado que ele estava bem formos encontrar a Jess na diretoria. 

Chegamos lá e a diretora estava com a porta aberta, a Jess sentada na cadeira, e o professor deles estava atrás da mesa da diretora. Eu e James entramos, ele sentou ao lado da irmã e eu fiquei ao lado deles. A diretora fechou a porta e se sentou. 

“Vocês dois podem me contar o que aconteceu?” A diretora perguntou calma olhando para os dois. 

“O Steven Matese falou mal da mamãe. Eu pedi para ele não falar nada dela, porque aquilo não era verdade, mas ele continuou.”

“Ai você bateu nele?” perguntou a diretora calma. 

“Aham. Mas ele me colocou em baixo dele e me bateu mais.” James disse olhando para o chão. 

Meu coração ficou apertado, sabendo que o meu filho havia apanhado e estava sangrando por minha causa. 

“E aonde você entra?” perguntou a Jess. 

Ela estava olhando para o chão também, igual ao irmão. “O Jay estava caído no chão, preso e sangrando. Eu tinha que tirar meu irmão dali.” A diretora ficou olhando para os dois.

“O que vocês dois fizeram não é certo. Se alguém falar algo que você não gostar, comunique ao professor ele está ali para ajudar vocês. Não se deve bater em alguém.” Ela falou firme olhando para o James. “E você, não precisa sair batendo nas pessoas para que elas parem de bater no seu irmão. Novamente, comunique ao professor, grite qualquer coisa para chamar a atenção. Eles sempre param assim.” Continuou olhando para a Jess. 

Os dois concordaram com a cabeça e a diretora disse que eles poderiam sair e esperar lá fora, assim eles foram. 

“Seus filhos são pessoas maravilhosas Abby e você é uma professora excelente, todos amam demais vocês. Mas se acontecer algo novamente eu terei que suspender os dois.”

“Entendo.” 

A diretora disse que poderíamos voltar para as salas e continuar as aulas. E foi o que fizermos. Terminei de dar as minhas duas últimas aulas – dessa vez sem nenhuma interrupção – e fui embora com os meninos. 

“Vamos chegar em casa, almoçar, e depois vamos preparar a sobremesa para levar pro vovô hoje a noite. Então cheguem em casa, tomem banho e façam o dever de casa.” Os dois ainda estavam de cabeça baixa e nem falaram uma palavra desde que saímos da escola, apenas confirmaram com a cabeça e continuaram quietos. 

Assim que parei o carro na entrada saímos do carro e entramos em casa. Fui direto para o escritório guardar minhas coisas enquanto eles subiram. 

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